sexta-feira, 7 de junho de 2013


                SINA

                    1

Não vás com deus, não.

Vai com tua permanente e fraterna solitude,

Com tua coragem primal.

Nasceste por tua própria precipitação.

Segue, portanto, teu caminho

De vento e areia.

Longo e monótono é o deserto.

                        2

Os sonhos habitam as águas do mito,

Do rio intuitivo.

A vigília palmilha

O piso firme da razão.

A vida se sustenta e se alimenta

Na várzea das margens,

No pântano cotidiano das luzes e sombras

Que inexoravelmente virão.

Junho de 2013

quinta-feira, 6 de junho de 2013


AQUI E ALI

A fumaça procurava seu caminho

Enquanto as mãos se atolavam nos bolsos.

Nem tão próximo, seu rosto

E fisionomia

Traziam as ofertas de densas narrativas,

Silêncios indesejados,

Passos  bloqueados

E a voz arruinada em ira

Engolida.

Era uma pessoa em fracasso,

Em aberto

Como um balão na queda livre,

Em nostalgia dos futuros aéreos,

Das vidas que lhe transpiravam

Pelo avesso dos poros,

Num domingo já enclausurado

Em nó cego,

Nos laços da paisagem de si.

Um homem sem rojões,

Pronto e acabado,

A ser inaugurado; promessa de um mim.

A.   R. Falcão, junho de 2013