sexta-feira, 4 de julho de 2014


QUE PASSE O DIA


Maré no chão:
A garça magistral
Contorna o grande canal
Afogado em porcarias.
Calangões e calanguinhos
Fujões e rapideiros.
Borboletas e libélulas
Sobre a latrina líquida.
Mais além, um mar,
O único que, sob o céu
Voraz, se azula.
Passarinhos que o nome
Nem conhecem
E homens nas sombras das castanheiras
Cujos nomes nem se sabem.
Somente um
Insiste,
Frito no óleo de si,
Numa vaga ideia
Das férias que lhe escapam.
A manhã que o assombra em despedida.
Bem-te-vis, pardais, rolinhas
E a puta que pariu.


Se, no início do século passado, a cultura do corpo significou a libertação do moralismo e repressão burgueses, agora as academias de ginásticas, as clínicas de cirurgias plásticas ... servem à frivolidade e à força bruta. Que tempo ruim, meu pó!
Não se engane: o que chamam de Saúde é Doença.
Junte-se aos outros e corra muito, muito (dentro da manada e do pertencimento) até moer suas fatigadas articulações. Argh!!