quinta-feira, 24 de agosto de 2017


A FUGA

Vi todas essas árvores crescerem,
Florescerem e desfolharem.
Vi os pássaros nascerem e morrerem.
Fui amigo de todos os cães vadios
Que serviam-se de meu sangue
Excedente.
Até que, um dia, desapareceram,
Como todos os vizinhos.
Aí, os insetos secaram
E o dia nunca mais nasceu.
A noite em mim adormeceu.
Por fim, nunca mais sonhei.
Deixei-me tomar por um mar
De memórias
Dos outros; de mim
Ninguém mais se lembra.
Trilhos se rebelaram
E o trem voltou pra casa.

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